sábado, 2 de maio de 2009

Criatividade pra dar e vender!

O povo brasileiro é realmente muito criativo, a cada dia mais me convenço dessa nossa característica tão peculiar. Êta povinho “inventador”!
Outro dia recebi o convite para trabalhar como fiscal de prova para os alunos no ensino médio, o que aceitei prontamente, já que a graninha anda curta e a maré não tá pra peixe.
No local, soube que ficaria responsável por recepcionar as pessoas que começavam com a letra K.
“Molezinha! Em nosso país são poucos os nomes com k". Pensei.
Entretanto, fiquei surpresa ao descobrir que havia um corredor de salas reservado apenas para “o pessoal do K”.`
Putz, foi aí que começou meu martírio! Tortura, chicotada e pimenta nos olhos é pouco pra expressar o meu sofrimento ao me deparar com a lista de presença. Nunca tinha visto tanto k na minha vida. Kethy, Kéti, Keyte, Keite, Kezia, Kissila, Kicila, Ketlin, Ketyline, Keytelyne, Kely, Keyla,Kevin, Kevine, Kevina, Kissivic, Kliper.
O negócio era de dar nó na cabeça. Até personagem de seriado tinha no lugar: Keyte Marroni. Haja criatividade!
Imagine se o k fizesse parte do nosso alfabeto oficial!(nessa época ainda não fazia)
E a coisa não ficou por aí não! Depois de um dia “estremalmente” cansativo. Expressão usada por um aluno em sua prova de redação??!!Sim, eu sei que é feio ler as coisas dos outros, mas...sabe como é, né? Nada pra fazer, as redações na minha mão, não resisti e resolvi ler pra ver a quantas anda o nosso português. Ainda bem que não sou cardíaca! Nunca tive problemas nesta área, mas , diante das circunstâncias tudo era possível.
Já o Aurélio ( o Buarque de Holanda! Que acredito ter morrido de desgoto), certamente se revirou no caixão enquanto eu lia aquelas pérolas da língua portuguesa.
Juventude transviada!Já dizia minha avó...
Como eu ia dizendo, depois de um dia “estremalmente” cansativo, deitei a cabeça no meu travesseiro de penas de ganso, ansiando pelo descanso merecido. Mas, no meio da noite estava sendo perseguida por várias letras gigantes. Nunca pensei que pudessem ficar tão furiosas por serem relegadas à segundo plano durante anos.
Era a revolta das letras, e eu estava sendo acusada de discriminação. Elas queriam saber porque ainda não faziam parte do alfabeto oficial, porque eram rejeitadas pelos brasileiros, exigiam igualdade de direitos e levantavam várias faixas de protesto onde se liam palavras de ordem: “Keremos Dyreytos yguays”, “Não Wamos mays nos calar”, “Vote K,Y, W para o alfabeto”. A situação foi ficando feia, e eu ali, encurralada pelas letras rebeldes.
Os ânimos só foram contidos quando eu prometi que daria aos meus filhos nomes que começassem com a letra k e incluíssem o w e o y. Elas eram solidárias entre si, e não bastava prometer usar uma só!
Tudo bem!
Eu juro diante da nação e da bandeira dos EUA – disse - Vou pensar num nome bem bonito.Kewelyna para mulher e Kwnyo para homem, talvez. Sou brasileira mesmo tenho a criatividade no sangue, inventar um nome assim vai ser molezinha.
Arcordei dando um salto, a boca seca e a testa suando frio.
Salva pelo gongo! Graças a Deus foi só um sonho!

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